PABLO NERUDA
BIOGRAFIA
Neftalí Ricardo Reyes, dito Pablo Neruda. Poeta chileno (Parral 1904 - Santiago 1973).
Cônsul do Chile na Espanha e no México, eleito senador em 1945, foi embaixador na França (1970). Suas poesias da primeira fase são inspiradas por uma angústia altamente romântica. Passou por uma fase surrealista. Tornou-se marxista e revolucionário, sendo, primeiramente, a voz angustiada da República Espanhola e, depois, das revoluções latino-americanas.
Esteve no Brasil em diversas oportunidades, e, numa delas, declamou poemas seus perante grande massa popular concentrada no estádio do Pacaembu, em São Paulo.
Obras principais: A canção da festa (1921), Crepusculário (1923), Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924), Tentativa do homem infinito (1925), Residência na terra [vol. I, 1931; vol.II, 1935; vol.III,1939, que inclui Espanha no coração (1936-1937)], Ode a Stalingrado (1942), Terceira residência (1947), Canto geral (1950), Odes elementares (1954), Navegações e retornos (1959), Canção de gesta (1960), ensaios (Memorial da ilha negra, 1964) e a peça teatral Esplendor e morte de Joaquín Murieta (1967).
Em 1974, foi publlicado o volume autobiografico Confesso que vivi. (Prêmio Nobel de Literatura, 1971).
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
O rádio
Uso do rádio
O rádio já viveu grandes momentos de glória, pois foi com ele que iniciou a democratização da informação. Durante décadas ele permaneceu na casa das pessoas como alguém da família. E em muitos lares ele era o companheiro das horas de alegrias, de tristezas, de saudades e de lazer. O rádio fez mocinhas sonharem ouvindo as românticas músicas ou novelas e a voz sexy dos apresentadores. Ele fez donas de casa e senhores sonharem e ainda hoje em muitas cidades do interior de nosso país ocupa um papel de destaque.
Em toda família há muitas histórias que envolvem o rádio, na minha, por exemplo, meu avô conta que quando viu um rádio pela primeira vez achou que era “uma coisa de outro mundo”. Como podia as vozes sair de dentro de uma caixa de madeira? Como? Não havia quem explicasse isso para ele e na primeira oportunidade que ele teve ele abriu o rádio do patrão para tentar descobrir. Não demorou muito tempo e ele ganhou um aparelho de uma das filhas, que nessa época já trabalhava em Florianópolis. E foi ela quem lhe explicou um pouco sobre o funcionamento do rádio. E de La para cá meu avô nunca mais se separou de um rádio, hoje ele tem noventa e quatro anos e todos os dias a primeira coisa que faz ao acordar é ligar o seu rádio. Uma prática que ele repete há mais de cinqüenta anos.
Mas o tempo mudou e muitas coisas apareceram e ocuparam o lugar do rádio, primeiro veio a televisão, depois uma imensidão de aparelhos musicais e o computador. E o velho rádio está sumindo de nossos lares, principalmente da área urbana. Porém nas áreas rurais a presença do rádio ainda é muito importante e ainda serve para ligar o “sertão ao mundo”. E em muitas dessas residências é a única mídia disponível, pois não é difícil de adquirir e funciona a pilha e muitos desses lugares ainda não possuem acesso a energia elétrica.
Em minha adolescência ouvi muito rádio e até ligava para determinados programas para solicitar e oferecer músicas e muitas de minhas amigas faziam o mesmo. Cheguei a ganhar alguns prêmios de concursos de rádios (melhor redação sobre a páscoa, melhor poesia sobre o dia das mães e dos pais, frases sobre a copa do mundo, etc.). Porém hoje praticamente não ouço mais, ou melhor, só o faço quando vou à casa de minha mãe.
Há alguns anos trabalhei em uma escola que tinha uma rádio cuja programação e apresentação eram feita pelos alunos. Era super interessante, cada semana uma turma era responsável pela rádio e havia todo um trabalho de produção textual, escolha de repertório musical, ensaios, enfim os alunos amavam e os professores também gostavam muito, pois era um instrumento real de aprendizagem. No qual os alunos produziam informações e os professores enriqueciam suas aulas com a participação de todos!
Após ler os textos indicados nesse módulo e os comentários dos colegas e relembrar a experiência que tive na escola citada no parágrafo anterior percebi que podemos fazer do rádio um aliado no processo de aprendizagem. Pois há muitas formas de trabalhar com essa mídia e em todas as disciplinas do currículo escolar. Ressalto que concordo plenamente com Cynthia Camargo que na entrevista Rádio pela Educação destaca a importância do rádio, pois ele tem um “contato intimo entre o locutor e o ouvinte e cria a oportunidade para uma identificação mútua com a população, integrando-se à rotina cotidiana do ambiente familiar da comunidade, com grande potencial de mobilização, divulgação e educação.” E alternativas de trabalhos não faltam: Pode-se orientar pesquisas para depois serem apresentadas em um programa, no qual o aluno terá que treinar a leitura, a produção textual (escrever, corrigir, resumir e adequar a linguagem ao público), trabalhar a variação lingüística, a linguagem formal e informal, enfim as possibilidades são muitas basta termos criatividade e disposição para elaborar e colocar em pratica um projeto tendo o rádio como “estrela principal”. Obvio que não é uma tarefa simples, pois será preciso movimentar e convencer muitas pessoas (direção, coordenação, pais) de que o projeto é sério e que colaborará muito com a aprendizagem dos estudantes. Contudo estou convencida de que vale a pena investir esforços para implantar uma rádio na escola!
O rádio já viveu grandes momentos de glória, pois foi com ele que iniciou a democratização da informação. Durante décadas ele permaneceu na casa das pessoas como alguém da família. E em muitos lares ele era o companheiro das horas de alegrias, de tristezas, de saudades e de lazer. O rádio fez mocinhas sonharem ouvindo as românticas músicas ou novelas e a voz sexy dos apresentadores. Ele fez donas de casa e senhores sonharem e ainda hoje em muitas cidades do interior de nosso país ocupa um papel de destaque.
Em toda família há muitas histórias que envolvem o rádio, na minha, por exemplo, meu avô conta que quando viu um rádio pela primeira vez achou que era “uma coisa de outro mundo”. Como podia as vozes sair de dentro de uma caixa de madeira? Como? Não havia quem explicasse isso para ele e na primeira oportunidade que ele teve ele abriu o rádio do patrão para tentar descobrir. Não demorou muito tempo e ele ganhou um aparelho de uma das filhas, que nessa época já trabalhava em Florianópolis. E foi ela quem lhe explicou um pouco sobre o funcionamento do rádio. E de La para cá meu avô nunca mais se separou de um rádio, hoje ele tem noventa e quatro anos e todos os dias a primeira coisa que faz ao acordar é ligar o seu rádio. Uma prática que ele repete há mais de cinqüenta anos.
Mas o tempo mudou e muitas coisas apareceram e ocuparam o lugar do rádio, primeiro veio a televisão, depois uma imensidão de aparelhos musicais e o computador. E o velho rádio está sumindo de nossos lares, principalmente da área urbana. Porém nas áreas rurais a presença do rádio ainda é muito importante e ainda serve para ligar o “sertão ao mundo”. E em muitas dessas residências é a única mídia disponível, pois não é difícil de adquirir e funciona a pilha e muitos desses lugares ainda não possuem acesso a energia elétrica.
Em minha adolescência ouvi muito rádio e até ligava para determinados programas para solicitar e oferecer músicas e muitas de minhas amigas faziam o mesmo. Cheguei a ganhar alguns prêmios de concursos de rádios (melhor redação sobre a páscoa, melhor poesia sobre o dia das mães e dos pais, frases sobre a copa do mundo, etc.). Porém hoje praticamente não ouço mais, ou melhor, só o faço quando vou à casa de minha mãe.
Há alguns anos trabalhei em uma escola que tinha uma rádio cuja programação e apresentação eram feita pelos alunos. Era super interessante, cada semana uma turma era responsável pela rádio e havia todo um trabalho de produção textual, escolha de repertório musical, ensaios, enfim os alunos amavam e os professores também gostavam muito, pois era um instrumento real de aprendizagem. No qual os alunos produziam informações e os professores enriqueciam suas aulas com a participação de todos!
Após ler os textos indicados nesse módulo e os comentários dos colegas e relembrar a experiência que tive na escola citada no parágrafo anterior percebi que podemos fazer do rádio um aliado no processo de aprendizagem. Pois há muitas formas de trabalhar com essa mídia e em todas as disciplinas do currículo escolar. Ressalto que concordo plenamente com Cynthia Camargo que na entrevista Rádio pela Educação destaca a importância do rádio, pois ele tem um “contato intimo entre o locutor e o ouvinte e cria a oportunidade para uma identificação mútua com a população, integrando-se à rotina cotidiana do ambiente familiar da comunidade, com grande potencial de mobilização, divulgação e educação.” E alternativas de trabalhos não faltam: Pode-se orientar pesquisas para depois serem apresentadas em um programa, no qual o aluno terá que treinar a leitura, a produção textual (escrever, corrigir, resumir e adequar a linguagem ao público), trabalhar a variação lingüística, a linguagem formal e informal, enfim as possibilidades são muitas basta termos criatividade e disposição para elaborar e colocar em pratica um projeto tendo o rádio como “estrela principal”. Obvio que não é uma tarefa simples, pois será preciso movimentar e convencer muitas pessoas (direção, coordenação, pais) de que o projeto é sério e que colaborará muito com a aprendizagem dos estudantes. Contudo estou convencida de que vale a pena investir esforços para implantar uma rádio na escola!
Proverbios y cantares / Provérbios e cantares
ANTONIO MACHADO
Proverbios y cantares / Provérbios e cantares
I
Nunca perseguí la gloria
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles
como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse.
I
Nunca persegui a glória
nem conservar na memória
dos homens minha canção;
eu amo os mundos sutis,
ingrávidos e gentis
como bolhas de sabão.
Gosto de vê-los pintar-se
de ouro e de carmim, voar
no céu azul, tremular
subitamente e quebrar-se.
II
¿Para qué llamar caminos
a los surcos del azar?...
Todo el que camina anda,
como Jesús, sobre el mar.
II
Para que chamar caminho
a estes sulcos do azar?...
Tudo o que caminha anda,
como Jesus, sobre o mar.
III
A quien nos justifica nuestra desconfianza
llamamos enemigo, ladrón de una esperanza.
Jamás perdona el necio si ve la nuez vacía
que dio a cascar al diente de la sabiduría.
III
A quem nos justifica nossa desconfiança
chamamos inimigo, ladrão de uma esperança.
Jamais perdoa o néscio se vê a noz vazia
que deu a cascar ao dente da sabedoria.
IV
Nuestras horas son minutos
cuando esperamos saber,
y siglos cuando sabemos
lo que se puede aprender.
IV
Nossas horas são minutos
quando esperamos saber,
séculos quando sabemos
o que se pode aprender.
VI
De lo que llaman los hombres
virtud, justicia y bondad,
una mitad es envidia,
y la otra no es caridad.
VI
Daquilo que chamam os homens
virtude, justiça e bondade,
uma metade é só de inveja,
e a outra não é caridade.
VIII
En preguntar lo que sabes
el tiempo no has de perder...
Y a preguntas sin respuesta
¿quién te podrá responder?
VIII
Em perguntar o que sabes
tempo não hás de perder...
E a perguntas sem resposta
quem pode te responder?
X
La envidia de la virtud
hizo a Caín criminal.
¡Gloria a Caín! Hoy el vicio
es lo que se envidia más.
X
A inveja da virtude
fez de Caim Criminoso.
Glória a Caim! Hoje o vício
é aquilo que mais se inveja.
XII
¡Ojos que a la luz se abrieron
un día para, después,
ciegos tornar a la tierra,
hartos de mirar sin ver!
XII
Olhos que à luz se abriram
um dia para, então,
cegos tornar à terra,
fartos de olhar sem ver!
XIII
Es el mejor de los buenos
quien sabe que en esta vida
todo es cuestión de medida:
un poco más, algo menos...
XIII
É o melhor entre os bons
quem sabe que nesta vida
tudo é questão de medida:
um pouco mais, algo menos...
XIV
Virtud es la alegría que alivia el corazón
más grave y desarruga el ceño de Catón.
El bueno es el que guarda, cual venta del camino,
para el sediento el agua, para el borracho el vino.
XIV
Virtude, alegria que abranda o coração
mais grave e desenruga o cenho de Catão.
O bom é o que guarda, qual venda do caminho,
para o sedento a água, para o ébrio o vinho.
XVI
El hombre es por natura la bestia paradójica,
un animal absurdo que necesita lógica.
Creó de nada un mundo y, su obra terminada,
"Ya estoy en el secreto -se dijo-, todo es nada."
XVI
O homem, por índole, é besta paradoxal,
precisa de lógica esse absurdo animal.
Criou do nada um mundo e, obra terminada,
“Já sei o segredo – se disse – , tudo é nada.”
XVII
El hombre sólo es rico en hipocresía.
En sus diez mil disfraces para engañar confía;
y con la doble llave que guarda su mansión
para la ajena hace ganzúa de ladrón.
XVII
O homem somente é rico em hipocrisia.
Em dez mil disfarces para enganar confia;
e com a chave dupla da sua mansão
para a alheia faz gazua de ladrão.
XXI
Ayer soñé que veía
a Dios y que a Dios hablaba;
y soñé que Dios me oía...
Después soñé que soñaba.
XXI
Ontem eu sonhei que via
Deus e que com Deus falava;
e sonhei que Deus me ouvia...
Depois sonhei que sonhava.
XXIII
No extrañéis, dulces amigos,
que esté mi frente arrugada:
yo vivo en paz con los hombres
y en guerra con mis entrañas.
XXIII
Não estranhem, doces amigos,
esta minha testa enrugada:
eu vivo na paz com os homens
e em guerra com minhas entranhas.
XXXV
Hay dos modos de conciencia:
una es luz, y otra, paciencia.
Una estriba en alumbrar
un poquito el hondo mar;
otra, en hacer penitencia
con caña o red, y esperar
el pez, como pescador.
Dime tú: ¿Cuál es mejor?
¿Conciencia de visionario
que mira en el hondo acuario
peces vivos,
fugitivos,
que no se pueden pescar,
o esa maldita faena
de ir arrojando a la arena,
muertos, los peces del mar?
XXXV
Há dois modos de consciência:
uma é luz, e outra, paciência.
Uma estriba em alumbrar
um pouquinho o fundo mar;
outra, em fazer penitência
de anzol ou rede, e esperar
o peixe, qual pescador.
Diga-me? Qual é melhor?
Consciência de visionário
que olha no fundo do aquário
peixes vivos,
fugitivos,
que não se podem pescar,
ou esse ofício nefando
de ir na areia atirando,
mortos, os peixes do mar?
XXXVI
Fe empirista. Ni somos ni seremos.
Todo nuestro vivir es emprestado.
Nada trajimos; nada llevaremos.
XXXVI
Fé empirista. Nem somos nem seremos.
Todo nosso viver é emprestado.
Nada trazemos, nada levaremos.
XLIII
Dices que nada se pierde
y acaso dices verdad,
pero todo lo perdemos
y todo nos perderá.
XLIII
Dizes que nada se perde,
e talvez dizes verdade,
tudo perdemos porém
e tudo nos perderá.
XLIV
Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre la mar.
XLIV
Tudo passa e tudo fica,
e o que nos cabe é passar,
passar fazendo caminhos,
caminhos por sobre o mar.
XLV
Morir... ¿Caer como gota
de mar en el mar inmenso?
¿O ser lo que nunca he sido:
uno, sin sombra y sin sueño,
un solitario que avanza
sin camino y sin espejo?
XLV
Morrer... Cair como gota
do mar no mar gigantesco?
Ou ser o que nunca fui:
alguém, sem sombra e sem sonho,
um solitário que avança,
sem caminho e sem espelho?
XLVI
Anoche soñé que oía
a Dios, gritándome: ¡Alerta!
Luego era Dios quien dormía,
y yo gritaba: ¡Despierta!
XLVI
De noite sonhei que ouvia
Deus, a me gritar: Alerta!
Logo era Deus quem dormia,
e eu gritava: Desperta!
XLVII
Cuatro cosas tiene el hombre
que no sirven en la mar:
ancla, gobernalle y remos,
y miedo de naufragar.
XLVII
Quatro coisas tem o homem
que são inúteis no mar:
âncora, timão e remos,
e medo de naufragar.
XLVIII
Mirando mi calavera
un nuevo Hamlet dirá:
He aquí un lindo fósil de una
careta de carnaval.
XLVIII
Olhando minha caveira
um novo Hamlet dirá:
Eis um lindo fóssil de uma
máscara de carnaval.
LI
Luz del alma, luz divina,
faro, antorcha, estrella, sol...
Un hombre a tientas camina;
lleva a la espalda un farol.
LI
Luz do espírito, luz sagrada,
lanterna, tocha, estrela, sol...
Um homem às cegas na estrada;
leva nas costas um farol.
Proverbios y cantares / Provérbios e cantares
I
Nunca perseguí la gloria
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles
como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse.
I
Nunca persegui a glória
nem conservar na memória
dos homens minha canção;
eu amo os mundos sutis,
ingrávidos e gentis
como bolhas de sabão.
Gosto de vê-los pintar-se
de ouro e de carmim, voar
no céu azul, tremular
subitamente e quebrar-se.
II
¿Para qué llamar caminos
a los surcos del azar?...
Todo el que camina anda,
como Jesús, sobre el mar.
II
Para que chamar caminho
a estes sulcos do azar?...
Tudo o que caminha anda,
como Jesus, sobre o mar.
III
A quien nos justifica nuestra desconfianza
llamamos enemigo, ladrón de una esperanza.
Jamás perdona el necio si ve la nuez vacía
que dio a cascar al diente de la sabiduría.
III
A quem nos justifica nossa desconfiança
chamamos inimigo, ladrão de uma esperança.
Jamais perdoa o néscio se vê a noz vazia
que deu a cascar ao dente da sabedoria.
IV
Nuestras horas son minutos
cuando esperamos saber,
y siglos cuando sabemos
lo que se puede aprender.
IV
Nossas horas são minutos
quando esperamos saber,
séculos quando sabemos
o que se pode aprender.
VI
De lo que llaman los hombres
virtud, justicia y bondad,
una mitad es envidia,
y la otra no es caridad.
VI
Daquilo que chamam os homens
virtude, justiça e bondade,
uma metade é só de inveja,
e a outra não é caridade.
VIII
En preguntar lo que sabes
el tiempo no has de perder...
Y a preguntas sin respuesta
¿quién te podrá responder?
VIII
Em perguntar o que sabes
tempo não hás de perder...
E a perguntas sem resposta
quem pode te responder?
X
La envidia de la virtud
hizo a Caín criminal.
¡Gloria a Caín! Hoy el vicio
es lo que se envidia más.
X
A inveja da virtude
fez de Caim Criminoso.
Glória a Caim! Hoje o vício
é aquilo que mais se inveja.
XII
¡Ojos que a la luz se abrieron
un día para, después,
ciegos tornar a la tierra,
hartos de mirar sin ver!
XII
Olhos que à luz se abriram
um dia para, então,
cegos tornar à terra,
fartos de olhar sem ver!
XIII
Es el mejor de los buenos
quien sabe que en esta vida
todo es cuestión de medida:
un poco más, algo menos...
XIII
É o melhor entre os bons
quem sabe que nesta vida
tudo é questão de medida:
um pouco mais, algo menos...
XIV
Virtud es la alegría que alivia el corazón
más grave y desarruga el ceño de Catón.
El bueno es el que guarda, cual venta del camino,
para el sediento el agua, para el borracho el vino.
XIV
Virtude, alegria que abranda o coração
mais grave e desenruga o cenho de Catão.
O bom é o que guarda, qual venda do caminho,
para o sedento a água, para o ébrio o vinho.
XVI
El hombre es por natura la bestia paradójica,
un animal absurdo que necesita lógica.
Creó de nada un mundo y, su obra terminada,
"Ya estoy en el secreto -se dijo-, todo es nada."
XVI
O homem, por índole, é besta paradoxal,
precisa de lógica esse absurdo animal.
Criou do nada um mundo e, obra terminada,
“Já sei o segredo – se disse – , tudo é nada.”
XVII
El hombre sólo es rico en hipocresía.
En sus diez mil disfraces para engañar confía;
y con la doble llave que guarda su mansión
para la ajena hace ganzúa de ladrón.
XVII
O homem somente é rico em hipocrisia.
Em dez mil disfarces para enganar confia;
e com a chave dupla da sua mansão
para a alheia faz gazua de ladrão.
XXI
Ayer soñé que veía
a Dios y que a Dios hablaba;
y soñé que Dios me oía...
Después soñé que soñaba.
XXI
Ontem eu sonhei que via
Deus e que com Deus falava;
e sonhei que Deus me ouvia...
Depois sonhei que sonhava.
XXIII
No extrañéis, dulces amigos,
que esté mi frente arrugada:
yo vivo en paz con los hombres
y en guerra con mis entrañas.
XXIII
Não estranhem, doces amigos,
esta minha testa enrugada:
eu vivo na paz com os homens
e em guerra com minhas entranhas.
XXXV
Hay dos modos de conciencia:
una es luz, y otra, paciencia.
Una estriba en alumbrar
un poquito el hondo mar;
otra, en hacer penitencia
con caña o red, y esperar
el pez, como pescador.
Dime tú: ¿Cuál es mejor?
¿Conciencia de visionario
que mira en el hondo acuario
peces vivos,
fugitivos,
que no se pueden pescar,
o esa maldita faena
de ir arrojando a la arena,
muertos, los peces del mar?
XXXV
Há dois modos de consciência:
uma é luz, e outra, paciência.
Uma estriba em alumbrar
um pouquinho o fundo mar;
outra, em fazer penitência
de anzol ou rede, e esperar
o peixe, qual pescador.
Diga-me? Qual é melhor?
Consciência de visionário
que olha no fundo do aquário
peixes vivos,
fugitivos,
que não se podem pescar,
ou esse ofício nefando
de ir na areia atirando,
mortos, os peixes do mar?
XXXVI
Fe empirista. Ni somos ni seremos.
Todo nuestro vivir es emprestado.
Nada trajimos; nada llevaremos.
XXXVI
Fé empirista. Nem somos nem seremos.
Todo nosso viver é emprestado.
Nada trazemos, nada levaremos.
XLIII
Dices que nada se pierde
y acaso dices verdad,
pero todo lo perdemos
y todo nos perderá.
XLIII
Dizes que nada se perde,
e talvez dizes verdade,
tudo perdemos porém
e tudo nos perderá.
XLIV
Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre la mar.
XLIV
Tudo passa e tudo fica,
e o que nos cabe é passar,
passar fazendo caminhos,
caminhos por sobre o mar.
XLV
Morir... ¿Caer como gota
de mar en el mar inmenso?
¿O ser lo que nunca he sido:
uno, sin sombra y sin sueño,
un solitario que avanza
sin camino y sin espejo?
XLV
Morrer... Cair como gota
do mar no mar gigantesco?
Ou ser o que nunca fui:
alguém, sem sombra e sem sonho,
um solitário que avança,
sem caminho e sem espelho?
XLVI
Anoche soñé que oía
a Dios, gritándome: ¡Alerta!
Luego era Dios quien dormía,
y yo gritaba: ¡Despierta!
XLVI
De noite sonhei que ouvia
Deus, a me gritar: Alerta!
Logo era Deus quem dormia,
e eu gritava: Desperta!
XLVII
Cuatro cosas tiene el hombre
que no sirven en la mar:
ancla, gobernalle y remos,
y miedo de naufragar.
XLVII
Quatro coisas tem o homem
que são inúteis no mar:
âncora, timão e remos,
e medo de naufragar.
XLVIII
Mirando mi calavera
un nuevo Hamlet dirá:
He aquí un lindo fósil de una
careta de carnaval.
XLVIII
Olhando minha caveira
um novo Hamlet dirá:
Eis um lindo fóssil de uma
máscara de carnaval.
LI
Luz del alma, luz divina,
faro, antorcha, estrella, sol...
Un hombre a tientas camina;
lleva a la espalda un farol.
LI
Luz do espírito, luz sagrada,
lanterna, tocha, estrela, sol...
Um homem às cegas na estrada;
leva nas costas um farol.
Cultura nunca é demais!
Antonio Machado
(1875-1939)
Poeta y prosista español, perteneciente al movimiento literario conocido como generación del 98.
Probablemente sea el poeta de su época que más se lee todavía. Vida Nació en Sevilla y vivió luego
en Madrid, donde estudió. En 1893 publicó sus primeros escritos en prosa, mientras que sus primeros
poemas aparecieron en 1901. Viajó a París en 1899, ciudad que volvió a visitar en 1902, año en el que
conoció a Rubén Darío, del que será gran amigo durante toda su vida. En Madrid, por esas mismas
fechas conoció a Unamuno, Valle-Inclán, Juan Ramón Jiménez y otros destacados escritores con los
que mantuvo una estrecha amistad. Fue catedrático de Francés, y se casó con Leonor Izquierdo,
que morirá en 1912. En 1927 fue elegido miembro de la Real Academia Española de la lengua.
Durante los años veinte y treinta escribió teatro en compañía de su hermano, también poeta, Manuel,
estrenando varias obras entre las que destacan La Lola se va a los puertos, de 1929, y La duquesa
de Benamejí, de 1931. Cuando estalló la Guerra Civil española estaba en Madrid. Posteriormente
se trasladó a Valencia, y Barcelona, y en enero de 1939 se exilió al pueblo francés de Colliure,
donde murió en febrero.
(1875-1939)
Poeta y prosista español, perteneciente al movimiento literario conocido como generación del 98.
Probablemente sea el poeta de su época que más se lee todavía. Vida Nació en Sevilla y vivió luego
en Madrid, donde estudió. En 1893 publicó sus primeros escritos en prosa, mientras que sus primeros
poemas aparecieron en 1901. Viajó a París en 1899, ciudad que volvió a visitar en 1902, año en el que
conoció a Rubén Darío, del que será gran amigo durante toda su vida. En Madrid, por esas mismas
fechas conoció a Unamuno, Valle-Inclán, Juan Ramón Jiménez y otros destacados escritores con los
que mantuvo una estrecha amistad. Fue catedrático de Francés, y se casó con Leonor Izquierdo,
que morirá en 1912. En 1927 fue elegido miembro de la Real Academia Española de la lengua.
Durante los años veinte y treinta escribió teatro en compañía de su hermano, también poeta, Manuel,
estrenando varias obras entre las que destacan La Lola se va a los puertos, de 1929, y La duquesa
de Benamejí, de 1931. Cuando estalló la Guerra Civil española estaba en Madrid. Posteriormente
se trasladó a Valencia, y Barcelona, y en enero de 1939 se exilió al pueblo francés de Colliure,
donde murió en febrero.
Assinar:
Postagens (Atom)