terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Pablo Neruda

PABLO NERUDA










BIOGRAFIA
Neftalí Ricardo Reyes, dito Pablo Neruda. Poeta chileno (Parral 1904 - Santiago 1973).
Cônsul do Chile na Espanha e no México, eleito senador em 1945, foi embaixador na França (1970). Suas poesias da primeira fase são inspiradas por uma angústia altamente romântica. Passou por uma fase surrealista. Tornou-se marxista e revolucionário, sendo, primeiramente, a voz angustiada da República Espanhola e, depois, das revoluções latino-americanas.

Esteve no Brasil em diversas oportunidades, e, numa delas, declamou poemas seus perante grande massa popular concentrada no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

Obras principais: A canção da festa (1921), Crepusculário (1923), Vinte poemas de amor e uma canção desesperada (1924), Tentativa do homem infinito (1925), Residência na terra [vol. I, 1931; vol.II, 1935; vol.III,1939, que inclui Espanha no coração (1936-1937)], Ode a Stalingrado (1942), Terceira residência (1947), Canto geral (1950), Odes elementares (1954), Navegações e retornos (1959), Canção de gesta (1960), ensaios (Memorial da ilha negra, 1964) e a peça teatral Esplendor e morte de Joaquín Murieta (1967).
Em 1974, foi publlicado o volume autobiografico Confesso que vivi. (Prêmio Nobel de Literatura, 1971).
A timidez é uma condição alheia ao coração, uma categoria, uma dimensão que desemboca na solidão.

                                                                                                                                   Pablo Neruda

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Meus amores!


Bora-bora!


O rádio

Uso do rádio




O rádio já viveu grandes momentos de glória, pois foi com ele que iniciou a democratização da informação. Durante décadas ele permaneceu na casa das pessoas como alguém da família. E em muitos lares ele era o companheiro das horas de alegrias, de tristezas, de saudades e de lazer. O rádio fez mocinhas sonharem ouvindo as românticas músicas ou novelas e a voz sexy dos apresentadores. Ele fez donas de casa e senhores sonharem e ainda hoje em muitas cidades do interior de nosso país ocupa um papel de destaque.

Em toda família há muitas histórias que envolvem o rádio, na minha, por exemplo, meu avô conta que quando viu um rádio pela primeira vez achou que era “uma coisa de outro mundo”. Como podia as vozes sair de dentro de uma caixa de madeira? Como? Não havia quem explicasse isso para ele e na primeira oportunidade que ele teve ele abriu o rádio do patrão para tentar descobrir. Não demorou muito tempo e ele ganhou um aparelho de uma das filhas, que nessa época já trabalhava em Florianópolis. E foi ela quem lhe explicou um pouco sobre o funcionamento do rádio. E de La para cá meu avô nunca mais se separou de um rádio, hoje ele tem noventa e quatro anos e todos os dias a primeira coisa que faz ao acordar é ligar o seu rádio. Uma prática que ele repete há mais de cinqüenta anos.

Mas o tempo mudou e muitas coisas apareceram e ocuparam o lugar do rádio, primeiro veio a televisão, depois uma imensidão de aparelhos musicais e o computador. E o velho rádio está sumindo de nossos lares, principalmente da área urbana. Porém nas áreas rurais a presença do rádio ainda é muito importante e ainda serve para ligar o “sertão ao mundo”. E em muitas dessas residências é a única mídia disponível, pois não é difícil de adquirir e funciona a pilha e muitos desses lugares ainda não possuem acesso a energia elétrica.

Em minha adolescência ouvi muito rádio e até ligava para determinados programas para solicitar e oferecer músicas e muitas de minhas amigas faziam o mesmo. Cheguei a ganhar alguns prêmios de concursos de rádios (melhor redação sobre a páscoa, melhor poesia sobre o dia das mães e dos pais, frases sobre a copa do mundo, etc.). Porém hoje praticamente não ouço mais, ou melhor, só o faço quando vou à casa de minha mãe.

Há alguns anos trabalhei em uma escola que tinha uma rádio cuja programação e apresentação eram feita pelos alunos. Era super interessante, cada semana uma turma era responsável pela rádio e havia todo um trabalho de produção textual, escolha de repertório musical, ensaios, enfim os alunos amavam e os professores também gostavam muito, pois era um instrumento real de aprendizagem. No qual os alunos produziam informações e os professores enriqueciam suas aulas com a participação de todos!

Após ler os textos indicados nesse módulo e os comentários dos colegas e relembrar a experiência que tive na escola citada no parágrafo anterior percebi que podemos fazer do rádio um aliado no processo de aprendizagem. Pois há muitas formas de trabalhar com essa mídia e em todas as disciplinas do currículo escolar. Ressalto que concordo plenamente com Cynthia Camargo que na entrevista Rádio pela Educação destaca a importância do rádio, pois ele tem um “contato intimo entre o locutor e o ouvinte e cria a oportunidade para uma identificação mútua com a população, integrando-se à rotina cotidiana do ambiente familiar da comunidade, com grande potencial de mobilização, divulgação e educação.” E alternativas de trabalhos não faltam: Pode-se orientar pesquisas para depois serem apresentadas em um programa, no qual o aluno terá que treinar a leitura, a produção textual (escrever, corrigir, resumir e adequar a linguagem ao público), trabalhar a variação lingüística, a linguagem formal e informal, enfim as possibilidades são muitas basta termos criatividade e disposição para elaborar e colocar em pratica um projeto tendo o rádio como “estrela principal”. Obvio que não é uma tarefa simples, pois será preciso movimentar e convencer muitas pessoas (direção, coordenação, pais) de que o projeto é sério e que colaborará muito com a aprendizagem dos estudantes. Contudo estou convencida de que vale a pena investir esforços para implantar uma rádio na escola!

Que lugar divino!


Bora-bora


Proverbios y cantares / Provérbios e cantares

ANTONIO MACHADO


Proverbios y cantares / Provérbios e cantares

I

Nunca perseguí la gloria

ni dejar en la memoria

de los hombres mi canción;

yo amo los mundos sutiles,

ingrávidos y gentiles

como pompas de jabón.

Me gusta verlos pintarse

de sol y grana, volar

bajo el cielo azul, temblar

súbitamente y quebrarse.

I

Nunca persegui a glória

nem conservar na memória

dos homens minha canção;

eu amo os mundos sutis,

ingrávidos e gentis

como bolhas de sabão.

Gosto de vê-los pintar-se

de ouro e de carmim, voar

no céu azul, tremular

subitamente e quebrar-se.



II

¿Para qué llamar caminos

a los surcos del azar?...

Todo el que camina anda,

como Jesús, sobre el mar.

II

Para que chamar caminho

a estes sulcos do azar?...

Tudo o que caminha anda,

como Jesus, sobre o mar.



III

A quien nos justifica nuestra desconfianza

llamamos enemigo, ladrón de una esperanza.

Jamás perdona el necio si ve la nuez vacía

que dio a cascar al diente de la sabiduría.

III

A quem nos justifica nossa desconfiança

chamamos inimigo, ladrão de uma esperança.

Jamais perdoa o néscio se vê a noz vazia

que deu a cascar ao dente da sabedoria.



IV

Nuestras horas son minutos

cuando esperamos saber,

y siglos cuando sabemos

lo que se puede aprender.

IV

Nossas horas são minutos

quando esperamos saber,

séculos quando sabemos

o que se pode aprender.



VI

De lo que llaman los hombres

virtud, justicia y bondad,

una mitad es envidia,

y la otra no es caridad.

VI

Daquilo que chamam os homens

virtude, justiça e bondade,

uma metade é só de inveja,

e a outra não é caridade.



VIII

En preguntar lo que sabes

el tiempo no has de perder...

Y a preguntas sin respuesta

¿quién te podrá responder?

VIII

Em perguntar o que sabes

tempo não hás de perder...

E a perguntas sem resposta

quem pode te responder?



X

La envidia de la virtud

hizo a Caín criminal.

¡Gloria a Caín! Hoy el vicio

es lo que se envidia más.

X

A inveja da virtude

fez de Caim Criminoso.

Glória a Caim! Hoje o vício

é aquilo que mais se inveja.



XII

¡Ojos que a la luz se abrieron

un día para, después,

ciegos tornar a la tierra,

hartos de mirar sin ver!

XII

Olhos que à luz se abriram

um dia para, então,

cegos tornar à terra,

fartos de olhar sem ver!



XIII

Es el mejor de los buenos

quien sabe que en esta vida

todo es cuestión de medida:

un poco más, algo menos...

XIII

É o melhor entre os bons

quem sabe que nesta vida

tudo é questão de medida:

um pouco mais, algo menos...



XIV

Virtud es la alegría que alivia el corazón

más grave y desarruga el ceño de Catón.

El bueno es el que guarda, cual venta del camino,

para el sediento el agua, para el borracho el vino.

XIV

Virtude, alegria que abranda o coração

mais grave e desenruga o cenho de Catão.

O bom é o que guarda, qual venda do caminho,

para o sedento a água, para o ébrio o vinho.



XVI

El hombre es por natura la bestia paradójica,

un animal absurdo que necesita lógica.

Creó de nada un mundo y, su obra terminada,

"Ya estoy en el secreto -se dijo-, todo es nada."

XVI

O homem, por índole, é besta paradoxal,

precisa de lógica esse absurdo animal.

Criou do nada um mundo e, obra terminada,

“Já sei o segredo – se disse – , tudo é nada.”



XVII

El hombre sólo es rico en hipocresía.

En sus diez mil disfraces para engañar confía;

y con la doble llave que guarda su mansión

para la ajena hace ganzúa de ladrón.

XVII

O homem somente é rico em hipocrisia.

Em dez mil disfarces para enganar confia;

e com a chave dupla da sua mansão

para a alheia faz gazua de ladrão.



XXI

Ayer soñé que veía

a Dios y que a Dios hablaba;

y soñé que Dios me oía...

Después soñé que soñaba.

XXI

Ontem eu sonhei que via

Deus e que com Deus falava;

e sonhei que Deus me ouvia...

Depois sonhei que sonhava.



XXIII

No extrañéis, dulces amigos,

que esté mi frente arrugada:

yo vivo en paz con los hombres

y en guerra con mis entrañas.

XXIII

Não estranhem, doces amigos,

esta minha testa enrugada:

eu vivo na paz com os homens

e em guerra com minhas entranhas.



XXXV

Hay dos modos de conciencia:

una es luz, y otra, paciencia.

Una estriba en alumbrar

un poquito el hondo mar;

otra, en hacer penitencia

con caña o red, y esperar

el pez, como pescador.

Dime tú: ¿Cuál es mejor?

¿Conciencia de visionario

que mira en el hondo acuario

peces vivos,

fugitivos,

que no se pueden pescar,

o esa maldita faena

de ir arrojando a la arena,

muertos, los peces del mar?



XXXV

Há dois modos de consciência:

uma é luz, e outra, paciência.

Uma estriba em alumbrar

um pouquinho o fundo mar;

outra, em fazer penitência

de anzol ou rede, e esperar

o peixe, qual pescador.

Diga-me? Qual é melhor?

Consciência de visionário

que olha no fundo do aquário

peixes vivos,

fugitivos,

que não se podem pescar,

ou esse ofício nefando

de ir na areia atirando,

mortos, os peixes do mar?

XXXVI

Fe empirista. Ni somos ni seremos.

Todo nuestro vivir es emprestado.

Nada trajimos; nada llevaremos.

XXXVI

Fé empirista. Nem somos nem seremos.

Todo nosso viver é emprestado.

Nada trazemos, nada levaremos.



XLIII

Dices que nada se pierde

y acaso dices verdad,

pero todo lo perdemos

y todo nos perderá.

XLIII

Dizes que nada se perde,

e talvez dizes verdade,

tudo perdemos porém

e tudo nos perderá.



XLIV

Todo pasa y todo queda,

pero lo nuestro es pasar,

pasar haciendo caminos,

caminos sobre la mar.

XLIV

Tudo passa e tudo fica,

e o que nos cabe é passar,

passar fazendo caminhos,

caminhos por sobre o mar.



XLV

Morir... ¿Caer como gota

de mar en el mar inmenso?

¿O ser lo que nunca he sido:

uno, sin sombra y sin sueño,

un solitario que avanza

sin camino y sin espejo?

XLV

Morrer... Cair como gota

do mar no mar gigantesco?

Ou ser o que nunca fui:

alguém, sem sombra e sem sonho,

um solitário que avança,

sem caminho e sem espelho?



XLVI

Anoche soñé que oía

a Dios, gritándome: ¡Alerta!

Luego era Dios quien dormía,

y yo gritaba: ¡Despierta!

XLVI

De noite sonhei que ouvia

Deus, a me gritar: Alerta!

Logo era Deus quem dormia,

e eu gritava: Desperta!



XLVII

Cuatro cosas tiene el hombre

que no sirven en la mar:

ancla, gobernalle y remos,

y miedo de naufragar.

XLVII

Quatro coisas tem o homem

que são inúteis no mar:

âncora, timão e remos,

e medo de naufragar.



XLVIII

Mirando mi calavera

un nuevo Hamlet dirá:

He aquí un lindo fósil de una

careta de carnaval.

XLVIII

Olhando minha caveira

um novo Hamlet dirá:

Eis um lindo fóssil de uma

máscara de carnaval.



LI

Luz del alma, luz divina,

faro, antorcha, estrella, sol...

Un hombre a tientas camina;

lleva a la espalda un farol.

LI

Luz do espírito, luz sagrada,

lanterna, tocha, estrela, sol...

Um homem às cegas na estrada;

leva nas costas um farol.

Cultura nunca é demais!

Antonio Machado


(1875-1939)

Poeta y prosista español, perteneciente al movimiento literario conocido como generación del 98.

Probablemente sea el poeta de su época que más se lee todavía. Vida Nació en Sevilla y vivió luego

en Madrid, donde estudió. En 1893 publicó sus primeros escritos en prosa, mientras que sus primeros

poemas aparecieron en 1901. Viajó a París en 1899, ciudad que volvió a visitar en 1902, año en el que

conoció a Rubén Darío, del que será gran amigo durante toda su vida. En Madrid, por esas mismas

fechas conoció a Unamuno, Valle-Inclán, Juan Ramón Jiménez y otros destacados escritores con los

que mantuvo una estrecha amistad. Fue catedrático de Francés, y se casó con Leonor Izquierdo,

que morirá en 1912. En 1927 fue elegido miembro de la Real Academia Española de la lengua.

Durante los años veinte y treinta escribió teatro en compañía de su hermano, también poeta, Manuel,

estrenando varias obras entre las que destacan La Lola se va a los puertos, de 1929, y La duquesa

de Benamejí, de 1931. Cuando estalló la Guerra Civil española estaba en Madrid. Posteriormente

se trasladó a Valencia, y Barcelona, y en enero de 1939 se exilió al pueblo francés de Colliure,

donde murió en febrero.